Objetivo é estreitar laços com a Semidh, ampliando a possibilidade de cursos
Coordenadora do Programa Justiça Comunitária (PJC), a juíza Gláucia Foley foi ao Varjão para conhecer a atuação da Caravana da Juventude Negra. Acompanhada da secretária adjunta de igualdade racial da Secretaria das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Semidh), Vera Lúcia Araújo, a juíza cogita atividades conjuntas, principalmente quando a Caravana chegar a Ceilândia, onde fica a sede do PJC.
Pioneiro na área do direito, o PJC trabalha com a promoção da mediação de conflitos feita pela própria comunidade. “Qualquer um pode ser mediador num conflito entre partes, desde que não tenha uma relação de poder, de autoridade, de ascendência sobre elas”, explicou a juíza.
Desde o fim de fevereiro, quando a secretária adjunta Vera Araújo participou de atividade de capacitação para mediação de conflitos na área racial, o PJC e a Semidh estudam possibilidades de atuação conjunta.
Na opinião de Gláucia, a Caravana poderia trabalhar, por exemplo, com um curso de mediação em Ceilândia, inclusive lançando mão de recursos criativos que o PJC emprega, fazendo uso da metodologia do Teatro do Oprimido.
Enquanto a secretária adjunta e a juíza imaginavam a parceria, doze jovens tinham aula de produção de blogs e sites e mais outros seis, de uma igreja batista do Varjão, gravavam “Aquele que traz a cura”, de Gabriela Rocha, no estúdio da Caravana.
Site para expor artesanato – “Estou querendo fazer um site para mostrar as coisas que minha mãe faz em crochê e tricô e eu em artesanato”, disse Isabela Alves, após a aula. Mãe de Caê, nove meses, ela gosta muito de trabalhar com materiais recicláveis.
“Não gosto de jogar coisa no lixo”, disse Isabela. “Gosto sempre de inventar alguma coisa nova, aproveitar”. Sua mãe fez quase todo o enxoval do neto – roupinha, sapatinho, touquinha etc. – e pegou carona na Caravana, para aprender informática básica, aos 60 anos.
Cristãos da igreja batista, a vocalista Sarah Darielly, o guitarrista Luan Silva de Almeida, o baixista Emerson Daniel Martins Mendes e a backing vocal Amanda da Conceição Reis ainda não batizaram a banda.
“Só está faltando a parte da bateria, mas ficou legal”, disseram após gravação da canção que pretendem divulgar pelo Facebook.
O estúdio da Caravana não para. Na fila para gravarem seus trabalhos, artistas locais inscritos e artistas que dormiram no ponto quando a Caravana passou em sua cidade e não gravaram, mas correm atrás do prejuízo, onde a Caravana estiver.
Deu samba – Sambistas à procura de lugar ao sol na música, o grupo de Markinhos Caeté conversava animadamente com a juíza Gláucia Folley, que é compositora e sambista também. Além da afinidade, descobriram-se concorrentes, pois estão inscritos no Festival de Samba da Rádio Nacional.
Alheia a conversa animada entre a juíza e os sambistas “rivais”, cheia de brincadeiras com a música “Pra que discutir com madame”, clássico antirracista, de 1956, atribuído a Janet de Almeida e Haroldo Barbosa, chegava Ana Carolina Oliveira, 16 anos, completados mês passado, acompanhada de Maria Eduarda, 15 anos, para gravar um funk.
“Fala de uma menina, traída pelo namorado, que dará a volta por cima, mas sem fazer a mesma coisa”, disse. “É uma mistura de Anitta com Ludimilla, tipo, vai da ostentação para o light”.
Ana nasceu no Varjão, Maria Eduarda, no Paranoá, acha. Ambas são cabeleireiras e se interessaram de ver se a Caravana não tinha um curso de tranças afro.
A essa altura, a aula já era outra na Caravana. Wty ensinava edição de vídeo a quatro alunos que trabalhavam com material gravado por eles próprios havia pouco. Wty é referência no mundo musical, assim como o produtor e técnico de som Gabriel, do grupo Coktel Molotov.
A presença de ambos na Caravana mostra ao público a pegada da Caravana, segundo Aline Pereira da Costa, chefe do Núcleo de Empreendedorismo e Geração de Renda da Secretaria Adjunta de Igualdade Racial da Semidh, que acompanha o projeto.
Ascom Semidh
3403-4915/4941