As mulheres podem ainda não estarem na maioria dos cargos mais altos das empresas, mas já conseguiram seu espaço em áreas que antes eram exclusivamente voltadas para os homens. Em cursos profissionalizantes ou no mercado de trabalho, elas passaram a ocupar um lugar de destaque e, em alguns casos, se tornaram preferência em entrevistas de emprego.
Esse cenário pode ser percebido na formatura dos cursos de nutrição, enfermagem e saúde bucal do Centro de Educação Profissional de Saúde de Planaltina-DF, acontecido na última sexta-feira, 5, com a presença da secretária de Estado da Mulher do Distrito Federal, Olgamir Amancia Ferreira. Cerca de 80% dos formandos eram mulheres.
“As mulheres estão cada vez mais inseridas no universo das profissões que eram consideradas masculinas. Atividades que antes eram exclusivas dos homens caíram nas graças femininas. E não importa a área. É do operacional ao administrativo, elas estão presentes em todas”, observou Olgamir Amancia.
Segundo dados divulgados pelo IBGE, as mulheres, em média, possuem maior escolaridade do que os homens. Este cenário traz reflexos para o mercado de trabalho, que necessita de mão de obra especializada.
É o caso da Cláudia Maria de Jesus Santos, que concluiu o curso técnico em Odontologia. “Agora posso trabalhar com o que eu gosto. Já trabalhei por sete anos na área, como auxiliar. Hoje, estou adquirindo meu diploma de nível técnico e já tenho várias propostas”, comemora.
A técnica em enfermagem Maria Aparecida Gonçalves de Brito Marques se formou em cursos como estes do CEP-Saúde. Ela conta que encontrou uma vocação nos cursos técnicos e avalia como vitoriosas as mulheres que conseguiram chegar até o fim do curso. “Tenho certeza que para elas o dia de hoje é a comemoração de uma vitória. As dificuldades são muitas. A maioria são mulheres, já casadas e com filhos. Então, elas se dividem entre o emprego delas, o cuidar dos filhos e ainda estudam”.
Saiba Mais – As mulheres avançam a passos largos no mercado de trabalho. É o que revela Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial, divulgado ontem pelo Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), em Washington. Nos últimos 30 anos, houve aumento da participação da mão de obra feminina na geração de riqueza em todas as faixas etárias e em quase todas as regiões do mundo — as exceções foram a Europa Ocidental e a Ásia Central.
O crescimento foi mais rápido na América Latina e no Caribe, em especial no Brasil, onde as mulheres passaram a representar 64% do mercado de trabalho, quase o dobro dos 39% observados em 1980.
Na avaliação dos pesquisadores do Banco Mundial, a maior presença das mulheres no mercado de trabalho tem contribuído para reduzir a lacuna em relação aos homens. Os estudiosos ressaltam que, na América Latina, o avanço médio de 42% da força de trabalho feminina em 10 países deve ser atribuído ao acesso à educação e a mudanças na estrutura familiar, com a postergação dos casamentos e a decisão de ter menos filhos.
Para os técnicos do Bird, o fim das barreiras em relação às mulheres — desde a discriminação no trabalho ao menor acesso ao crédito — resultará em aumento da produtividade da economia em vários países em até 25%, pois as “habilidades e os talentos” delas serão aproveitados de forma mais efetiva.