Com o objetivo de definir ações conjuntas de combate à intolerância religiosa no Distrito Federal e no Entorno, representantes dos governos do Distrito Federal e de Goiás, além de integrantes dos povos de terreiro e parlamentares, realizaram uma reunião nesta segunda-feira, 21/12, no Centro Integrado de Comando e Controle da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária de Goiás.
Representando o secretário de segurança de Goiás, Joaquim Mesquita, a delegada Lílian de Lima destacou a importância da experiência do Distrito Federal, cuja iniciativa de inaugurar uma delegacia de combate ao racismo e à intolerância religiosa deve ser seguida por Goiás.
O secretário adjunto de política para mulheres, igualdade racial e direitos humanos, Carlos Alberto Santos de Paulo, da Secretaria de Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, disse que o grande desafio que o combate ao racismo coloca no presente envolve uma questão de método, a de saber como fazê-lo.
Tanto em Goiás quanto no DF, a polícia civil se queixa do pouco efetivo para investigar as ações contra os terreiros, mas também é acusada de falta de preparo e interesse nas investigações. Mãe Branquinha queixou-se de que nada foi feito acerca do incêndio que destruiu seu Ilê, em 27 de setembro de 2013, de modo muito semelhante ao que aconteceu com o de Mãe Baiana, em 27 de novembro deste ano.
D. Iáiá, de Taguatinga, lembrou que em Salvador os grandes terreiros têm assento no centro da cidade, enquanto em Brasília foram sendo empurrados para a periferia. Apenas os templos e cultos cristãos são cada vez mais presentes no Plano Piloto.
Pequena parte dos 246 municípios de Goiás, os municípios do Entorno sediam uma “população pendular que mais que dobra a população do DF”, segundo a assessora Vivian Serpa, que representou a subsecretária de segurança cidadã, Márcia de Alencar, da Secretaria de Segurança e Paz Social do Distrito Federal.
Cerca de vinte integrantes de associações e federações de religiões de matriz africana, de Goiás e do DF, participaram da reunião, entre os quais, Fernando de Olodê, Jesus da Conceição, Kênio de Oxalá – presidente da Federação de Umbanda e Candomblé de Goiás –, Salmo vieira, do conselho de Igualdade Racial de Aparecida de Goiânia.
Combinada após audiência pública da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados do Distrito Federal sobre ataques a casas de umbanda e candomblé no Distrito Federal, realizada no dia 10 de dezembro, a reunião de Goiânia contou com a presença do deputado distrital Lira, vice-presidente da comissão, que defendeu a criação de delegacias “para ontem” e a necessidade de que o crime de racismo seja considerado um crime hediondo.
Segundo Patrícia Zapponi, o próprio deputado Lira tem sido alvo de discriminação de outros deputados da CLDF, que evitam até usar o mesmo elevador que ele, por apoiar os pleitos dos praticantes de matriz africana.