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14/09/15 às 18h08 - Atualizado em 29/10/18 às 11h14

Justiça Comunitária leva mediação ao palco da Caravana da Juventude Negra

Atividade marcou o encerramento da passagem do projeto em Ceilândia

20150913 1857531Nesse domingo, 13, o Programa Justiça Comunitária (pjc), do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, subiu ao palco da Caravana da Juventude Negra, no show de encerramento das atividades realizadas na Ceilândia para encenar uma situação de conflito e discriminação racial em uma loja roupas.

O esquete do PJC já havia sido apresentado nos “bonezaços” promovidos pela Rede Urbana de Ações Socioculturais (Ruas) e trouxe um pouco de teatro a um show pontilhado por muitas atrações musicais.

Ministério do Samba, Rondinelly Regis, Mantendo a Identidade, Comando Periférico, Sobrevivente de Rua, PR 15, Ronaldo Alencar, Barata de Chernobyl, Geração Roots e Laysa Christiane foram alguns dos nomes que passaram pelo palco da Caravana, na Praça de Bíblia. Impacto Gospel Rap (IGR) e Deviby não só se apresentaram como gravaram no estúdio ao longo da semana.

A encenação de conflitos conscientiza as pessoas acerca das “saídas” ou soluções que costumam ser dadas a um conflito, desde “tirar o time de campo” e “deixar pra lá”, a disputar pra ver quem é que vai “pagar o café pequeno” ou “ri por último”.

Teatro – Após as apresentações do Ministério do Samba e de Rondinelly Regis e Banda, a trupe do Programa Justiça Comunitária subiu ao palco. Introduzida e animada por Ludmila Suaid, a situação motivadora se desdobrava na tentativa de dois jovens negros – interpretados pelos agentes comunitários Valdeci Pereira da Silva e Diana Costa -, a comprarem uma “calça pitbull”, ante duas vendedoras temorosas de que a dupla na verdade quisesse roubar a loja.

A MC Débora Glamurosa foi uma das três pessoas que subiram ao palco para tomar as dores e o partido dos compradores. A animadora do Programa Justiça Comunitária, Ludmila Suaid, conseguiu encaminhar uma solução de entendimento, pela qual as partes conseguiram, “pensar no que as outras sentiam” e a peça culminou com um convite para as “vendedoras” participarem das reuniões do movimento negro.

Tanto a “evitação” do conflito quanto a vitória do mais forte – quando o conflito é visto como “competição” – levam a um descontentamento, mútuo ou parcial. O Programa Justiça Comunitária investe na importância que as comunidades podem ter no encaminhamento – “mediação” – dos conflitos em torno de direitos, sem “judicializá-los”.

“Judicialização” é o que acontece tradicionalmente, sempre que os conflitos são sempre transformados em questões do poder judiciário, quando a decisão de um juiz pode inclusive desagradar a ambas as partes ou agradar a uma só, aprofundando o conflito.

Ensaio e reflexões – Na quarta-feira, dia 9 de setembro, a secretária-adjunta de Políticas para a Igualdade Racial, Vera Lucia Araújo, o gerente de comunidades tradicionais e patrimônio cultural, Murilo Mangabeira, a gerente de acompanhamento de ações intersetoriais, Eliane Maria Ferreira, e a gerente de combate ao racismo institucional, Andressa Lustosa Cavalcanti, participaram ativamente da oficina preparatória da atividade.

Além de encenar diversas vezes o esquete, para simular situações de “evitação”, “competição” e “mediação” de conflitos, a equipe do Programa justiça comunitária conversou com os integrantes da Semidh sobre o potencial e os limites da “mediação de conflitos” diante de situações de discriminação racial. Historicamente, o movimento negro lutou muito pela transformação do racismo em crime e em favor do papel do Estado na sua punição efetiva.

Desde o dia 28 de fevereiro, quando a Semidh participou de uma atividade de capacitação dos integrantes do PJC no Iesb da Ceilândia, a conversa entre a secretaria e o programa vem se estreitando. Há um mês, no dia 13 de agosto, quando a coordenadora do PJC, juíza Gláucia Foley, foi o Varjão para conhecer a atuação da Caravana, ela e a secretária-adjunta Vera Lúcia Araújo definiram que fariam uma atividade conjunta em Ceilândia, sede do PJC.

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