Ação faz parte de uma política pública baseada no conceito de atenção integral à saúde da mulher. Lançamento ocorrerá nesta sexta-feira, 8, no Centro de Ensino Fundamental nº 1 da Estrutural
Assim quando foi criada, em janeiro de 2011, a Secretaria de Estado da Mulher (SEM-DF) apresentou, no âmbito do Planejamento Estratégico Situacional do Governo, coordenado pela Secretaria de Governo, o projeto denominado “Vacinação HPV entre escolares de sete a treze anos no Distrito Federal: um projeto de longo alcance”. A proposta era promover uma grande campanha de vacinação com este grupo específico.
Em maio de 2011, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) apresentou, no Senado Federal, o projeto de lei 238/2011, que dispõe sobre a imunização de mulheres na faixa etária de nove a treze anos com a vacina antipapilomavírus humano (HPV) na rede pública de Saúde. Em setembro de 2012, a Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS) aprovou a proposta da senadora, que seguiu para análise da Câmara dos Deputados.
A secretária de Estado da Mulher, Olgamir Amancia, explica que o objetivo principal desse projeto é esclarecer o significado da gravidez na adolescência, a imersão na fase adulta, antes mesmo de completado o período de transição social, bem como prevenir – em longo prazo – doenças sexualmente transmissíveis, por meio da imunização dessas jovens com a vacina HPV. “Assim, esperamos promover a conscientização e a informação sobre os métodos anticonceptivos, sobre o sexo seguro e, ao mesmo tempo, disponibilizar para as meninas a opção da vacina”, completa a secretária.
“Superamos a visão estreita sobre a mulher, baseada apenas em suas especificidades biológicas e nos papéis de mãe e cuidadora do lar e da família. A saúde hoje se volta para mulheres independentes, autônomas e emancipadas, que buscam cada vez mais a prevenção das doenças. Este é o conceito de saúde integral da mulher: tratá-la como um todo”, defende Olgamir Amancia.
Para que o projeto avançasse, foi formado um grande grupo de trabalho compostos pelas secretarias da Mulher, Criança, Saúde, Educação e Igualdade Racial, além do gabinete da primeira-dama do Distrito Federal, Ilza Queiroz. Em maio de 2012, em Taguatinga, a secretária Olgamir Amancia apresentou o projeto para um grupo de 450 mulheres evangélicas. O projeto foi bem recebido pelas mulheres, que aproveitaram a ocasião para esclarecer suas dúvidas sobre o vírus.
Agora, o projeto transformou-se em realidade. A partir de março de 2013, meninas de 11 a 13 anos que estudam em escolas públicas e privadas do Distrito Federal vão receber a vacina contra o HPV. A imunização será feita no próprio colégio, desde que a criança ou adolescente tenha autorização dos pais para receber a dose, aplicada em três etapas – uma a cada mês. A expectativa do grupo de trabalho é que, nos próximos anos, todas as faixas etárias sejam inclusas na vacinação, como consta no projeto da senadora.
A subsecretária de Vigilância à Saúde do Distrito Federal, Marília Coelho, ressalta que a dose contra o HPV é nova no calendário de vacinação da rede pública, mas tem a eficácia garantida. Reações adversas como febre, segundo ela, podem ser registradas como em qualquer outro processo de imunização. Para Marília, o alerta maior é que a vacina protege apenas contra o HPV e não contra as demais doenças sexualmente transmissíveis (DST).
“Vamos ter que trabalhar muito a ideia de que você não está protegida contra qualquer doença sexualmente transmissível. Existem outros fatores que levam ao câncer de colo de útero, como a sífilis e a endometriose. Uma das preocupações é que as pessoas não deixem de se cuidar”, lembra a subsecretária.
O HPV é uma das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) mais comuns no mundo, e um dos principais responsáveis pelo câncer de colo de útero. Estudos no mundo comprovam que 50% a 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas. Porém, a maioria das infecções é transitória, sendo combatida espontaneamente pelo sistema imune, principalmente entre as mulheres mais jovens. Cerca de 90% dos cânceres do colo do útero são causados pelo vírus HPV. A OMS informa que existem mais de 30 tipos de HPV, dos quais 13 causam câncer.
“Estudos comprovam que a prevenção precoce, a investigação clínica regular e os esclarecimentos sobre os riscos de transmissão e as formas de contaminação do HPV, bem como a implementação da imunização pela vacinação, provavelmente, reduziriam drasticamente os casos de infecção pelo HPV. Em longo prazo, conseguiremos diminuir os custos com o tratamento de câncer, ainda um dos mais onerosos para o Sistema Público, e, sobretudo, pouparia vidas de mulheres economicamente ativas e com filhos ainda dependentes”, finaliza Olgamir Amancia.
Informações gerais sobre a vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV) nas escolas – 2013:
1. No Dia Internacional da Mulher 08/03/2013 será realizado o lançamento da vacinação contra o HPV em meninas do Centro de Ensino Fundamental no. 1 da Estrutural;
2. A partir de 1º de abril a vacinação será realizada ema todas as Escolas públicas e privadas do Distrito Federal;
3. Serão vacinadas todas as meninas nascidas 2000, 2001 e 2002. Esta faixa etária foi definida após análise das recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia e a Sociedade Brasileira de Imunização;
4. Para garantir a efetividade da vacina quadrivalente contra o HPV (6, 11, 16 e 18), são necessárias a aplicação de três doses, com intervalo de 60 e 180 dias após a primeira dose;
5. O objetivo da vacinação é prevenir a ocorrência de câncer do colo do útero, vulvar e vaginal, lesões pré-cancerosas ou displásicas, verrugas genitais e infecções causadas pelo HPV em meninas matriculadas em escolas públicas e privadas do Distrito Federal;
6. A meta é vacinar 100% dessas meninas nas escolas;
7. O calendário de vacinação respeitará o calendário escolar das escolas públicas e privadas, e está assim descrito: 1ª dose: 1 a 26 de abril de 2013; 2ª dose: 3 a 28 de junho de 2013; 3ª dose: 30 de setembro a 1º de novembro de 2013;
8. Desde 2006 a vacina quadrivalente contra o HPV foi considerada eficaz e segura pela OMS, e no Brasil, com mais de 30.000 doses realizadas, não houve nenhum evento adverso grave associado diretamente à vacina, segundo dados da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA);
9. A vacina representa uma estratégia complementar, e não substitutiva, ao programa de rastreamento do Câncer de Colo do Útero;
10. A vacina é gratuita para as meninas, alvo desta campanha.
Com informações da Secretaria de Saúde