Na última semana, a Secretaria de Trabalho apresentou a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), que utilizou a base de dados da pesquisa do período de 2011 e 2012 para analisar a atual situação da mulher no mercado de trabalho. De maneira geral, as mulheres enfrentam grandes dificuldades no mercado de trabalho, segundo os dados apresentados. Elas representam mais da metade da população desempregada e, quando ocupadas, recebem salários inferiores que os homens para exercerem mesmas funções.
Para a secretária Olgamir Amancia, os dados do DIEESE revelam que ainda há preconceitos com a mulher no mercado de trabalho. “Ainda que as mulheres tenham mobilizado um conjunto muito maior de estratégias, estudado mais, a nossa situação, na perspectiva de gênero ainda está fragilizada. Penso que o grande desafio é, nas formulações das políticas, darmos condições para que a sociedade alcance esse equilíbrio. A nossa luta é para que mulheres e homens possam ter salários compatíveis com aquilo que fazem e que elas não sejam discriminadas no mundo do trabalho, como são hoje, apenas pelo fato de ser mulher” observou.
De acordo com informações da PED do Distrito Federal, o aumento do nível ocupacional (40 mil) foi menor que o crescimento da PEA (44 mil), resultando no aumento do contingente de homens e mulheres na situação de desemprego em 2012. Embora esse contingente tenha aumentado, a Taxa de Desemprego Total manteve-se relativamente estável, 12,3% da População Economicamente Ativa – PEA, atingindo o menor patamar da série histórica, iniciada em 1992. O rendimento médio de mulheres e homens ocupados apresentou aumento, mas manteve a desigualdade por sexo.
A coordenadora Nacional de Pesquisa de Emprego e Desemprego do DIEESE, Lúcia Garcia, explicou que a análise desses dados é necessária para compreender e perceber distorções de gênero no mercado de trabalho. Para ela, alcançar a autonomia e emancipação feminina passa necessariamente pela inserção da mulher no mercado. “Esse tema abarca um leque variado de questões, mas sem trabalho, sem renda, não há autonomia, nem poder feminino. Por isso, interpretar esses dados é relevante. As mulheres são praticamente metade da força de mercado de trabalho no Brasil. No caso do DF, no ano de 2012, tivemos um mercado que tendeu a estabilidade, mas ainda temos 15,1% de mulheres desempregadas”, analisa.
O aumento do nível ocupacional foi menor que o crescimento da PEA para ambos os sexos, resultado no aumento do contingente de mulheres e homens desempregados. O aumento de pessoas desempregadas foi superior entre as mulheres, incrementando a desigualdade de acesso ao mercado de trabalho por sexo no Distrito Federal. As mulheres seguiram sendo minoria entre os ocupados (46,9%) e maioria entre os desempregados (59,6%).
A estabilidade da participação feminina, verificada no último ano, ocorreu em um ambiente de aumento do nível ocupacional acompanhado pelo crescimento da PEA. Para as mulheres, o incremento ocupacional (2,9%) foi menor ao registrado para os homens (3,7%). Já a taxa de desemprego das mulheres manteve-se estável (15,1%), enquanto que para os homens, diminuiu (de 9,9%, em 2011, para 9,6%, em 2012) (Gráfico B). Esse movimento aumentou a diferença entre os sexos em termos de inserção no mercado de trabalho. A taxa de desemprego feminina era 57,3% superior em relação à masculina em 2012.
A análise foi feita pelo Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese), a Secretaria de Trabalho do DF e a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan).